quarta-feira, 18 de novembro de 2009

30 coisas que você não sabia sobre a invasão corintiana no Maracã


Trinta curiosidades sobre o maior deslocamento de uma torcida para assistir uma partida de um evento esportivo em todo o mundo. Nem em Copas do Mundo esse recorde foi batido, e nunca será porque isso só a Fiel Torcida é capaz.

Corinthians entra em campo para semifinal Títulos importantes, cada time tem os seus. Uns mais, outros menos. Ídolos, também. Mas torcida não. Discorda?

Como equiparar, então, a torcida do Corinthians, que levou 75 mil pessoas ao Maracanã em uma semifinal de Campeonato Brasileiro? Mesmo tendo um time infinitamente inferior ao do Fluminense, o rival de então. Mesmo vivendo um jejum de 21 anos e nove meses sem títulos importantes.

5 de dezembro de 1976. E nem final era. A “Invasão Corintiana”, como aquele evento ficou famoso, foi mais do que um jogo de futebol. Foi um evento social e popular. Foi uma nova referência de estudo para psicólogos. Foi um case de marketing.

Um fenômeno que nunca mais vai se repetir. Se você duvida disso, a Invicto conta 30 histórias que mostram por que a Invasão, há exatos 30 anos, foi algo especial. Sem precedentes e sem repetições.

O primeiro ônibus da Gaviões da Fiel que saiu de São Paulo em direção ao Rio estacionou na Quinta da Boa Vista às 9h30. De sábado.

Levantamento feito nos quatro pontos de pedágio entre São Paulo e Rio estimou em 60 mil os corintianos que fizeram o trajeto pela Via Dutra. Outros 15 mil, segundo os mesmos cálculos, usaram outras rodovias. A viagem mais longa foi a de um grupo de torcedores que saiu de Goiás: 1.320 quilômetros, em 18 horas.

O Corinthians desembarcou no Galeão às 14h45 de sábado e foi recepcionado por dez mil torcedores. As TVs e rádios do Rio fizeram insistentes pedidos para que os torcedores não fossem mais para lá.

Se, de avião, a viagem São Paulo-Rio durou só 40 minutos, o Corinthians levou quase duas horas no trajeto entre o aeroporto e o Hotel Nacional, em São Conrado. O ônibus empacou várias vezes no caminho porque os corintianos invadiam as ruas para saudar o time

Ao entrar no Hotel Nacional, outra surpresa: as bandeiras do Brasil que ficavam expostas no lado de fora do saguão foram arrancadas pelos fãs. E trocadas por emblemas do Corinthians

A recepção da torcida no hotel foi tão surpreendente e calorosa que o presidente corintiano, Vicente Matheus, então aos 68 anos, chorou copiosamente. Pouca gente viu. Ele se escondeu para não enervar o grupo. De pijama, o próprio Matheus deixou seu quarto às 3h de domingo pedindo aos torcedores para diminuir o barulho e deixar o time descansar

Na tarde de sábado, cerca de 15 torcedores tentaram colocar uma bandeira do Corinthians de 50 metros de extensão no Cristo Redentor. Alguns deles tentaram escalar as laterais do Cristo para colocar a bandeira, quando a radiopatrulha chegou e impediu o plano

Tomada pelos torcedores vindos de São Paulo, Copacabana parou seu trânsito na madrugada de sábado para domingo

Atletas e comissão técnica dormiram tarde na véspera da partida. O técnico Duque chamou um pai-de-santo para “iluminar” os jogadores. Houve até princípio de incêndio com a queda de uma das velas no quarto reservado para o ritual...

10º ...que rolava também fora dali. As praias de Copacabana, Ipanema, Leblon e Botafogo amanheceram no domingo forradas de garrafas, velas e outros apetrechos. Era a macumba dos torcedores corintianos tentando garantir força extra na decisão

11º Boa parte das estátuas do Rio tinha bandeiras do Corinthians no domingo

12°Alguns corintianos foram ao Rio de bicicleta. E um, pelo menos, saiu de São Paulo e foi ao Maracanã a pé

13º A presença corintiana nos aeroportos e rodoviárias do Rio foi tão grande que algumas companhias receberam os torcedores com pequenas flâmulas do time visitante

14º “Operação Corinthians”. Assim foi batizada toda a operação da polícia do Rio de Janeiro na partida

15º Até um aborto foi feito na enfermaria central do Maracanã. Era uma corintiana de 22 anos, que começou a perder sangue na arquibancada por volta das 14h30. Ela foi transferida à maternidade Fernando Magalhães e não pôde ver a partida

16 ºTodas as camisas do Corinthians, tanto dos titulares quanto dos reservas, foram benzidas antes do jogo

17º O Corinthians costumava sofrer nos pés tricolores desde que perdera Rivelino para as Laranjeiras, no começo de 1975. Em quatro jogos, foram duas derrotas (4 a 1 e 2 a 1), um empate (0 a 0) e só uma vitória (2 a 0)

18º
Duque, o supersticioso técnico corintiano, fechou o vestiário do time imediatamente ao chegar ao estádio. O motivo? Ele viu um homem de camisa preta, cor que poderia levar azar à equipe

19 ºRuço, o autor do gol corintiano, arrumou briga em casa antes de consagrar a comemoração em que mandava “beijos doces” para a torcida. “Minha mulher ficou danada. Chegou a dizer que eu mais parecia um doido”, conta. Ele era também o atleta mais descontraído do grupo. Ruço e o zagueiro Moisés viviam infernizando os colegas

20 ºO volante Givanildo, principal nome corintiano, jogou com uma febre de quase 40 graus. Foi substituído por Basílio no segundo tempo

21º A chuva que alagou o gramado no intervalo quase fez o jogo ser adiado. O segundo tempo só começou 26 minutos depois do final da primeira etapa. O Fluminense queria a partida em uma nova data. O Corinthians, com um time menos técnico e que poderia levar vantagem com o terreno prejudicado, bateu o pé. Vicente Matheus alegou que não admitiria tamanha falta de respeito com a torcida no Maracanã

22 ºImpecável em campo, o lateral-esquerdo Wladimir, do Corinthians, chegou a ser aplaudido até mesmo pela torcida do Fluminense. Ele jogou de chuteiras verdes naquele dia

23 ºTobias, goleiro do Corinthians, esteve perto de nem mesmo defender o alvinegro. Ele foi contratado pelo São Paulo no fim de 1975, mas uma manobra de Vicente Matheus mudou a história

24 ºNo tempo normal, Tobias levou uma pancada na lombar e foi para os pênaltis sem estar 100% fisicamente. E mesmo assim pegou três cobranças, duas de Rodrigues Neto (uma precisou voltar, porque ele se mexeu) e outra de Carlos Alberto Torres. Ambos eram apontados como dois dos melhores batedores da época. Tobias tinha boa fama nos penais antes mesmo daquela partida. Pelo Guarani, em 1974, defendeu cobrança de ninguém menos que Pelé

25º O Corinthians nem precisou de sua quinta cobrança. Caso houvesse a necessidade, o encarregado seria Basílio

26º No Fluminense, Carlos Alberto Torres foi inicialmente escalado para bater a última penalidade. Mas pegou a bola para cobrar já a segunda porque Rodrigues Neto havia perdido a primeira

27º
Corintianíssimo, Paulo Egídio Martins, então governador de São Paulo, resolveu presentear, do próprio bolso, o elenco alvinegro. A vaga à final foi tão sofrida que ele mesmo propôs aumentar a quantia

28 ºRivelino, o craque do Fluminense, foi o último a deixar o Maracanã naquela noite. Chegou-se a especular que era medo de apanhar da torcida. “Que nada, eu estava no antidoping”, explicou

29 ºA derrota para o Corinthians desmontou o time que era chamado de “Máquina Tricolor”. Tanto que o Fluminense, campeão do Estadual do
Rio em 1975 e 1976, só voltou a ganhar a competição em 1980

30º A delegação corintiana foi recepcionada em Congonhas na manhã de segunda-feira por cerca de oito mil torcedores. A avenida Rubem Berta virou um extenso cordão alvinegro. O ônibus que levou o elenco ao Parque São Jorge foi invadido em movimento, e cerca de dez torcedores “surfaram” no ônibus até chegar ao Tatuap
é.

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